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A Questão do Saara Marroquino Destaca a Cimeira de Trump
A participação do presidente mauritano, Mohamed Ould Cheikh El Ghazouani, na mini-cúpula organizada na terça-feira em Washington pelo seu homólogo norte-americano, Donald Trump, promete ser um momento diplomático poderoso, com ressonâncias que vão muito para além das considerações económicas declaradas. O pano de fundo: o reposicionamento geoestratégico da Mauritânia no Sahel em transformação e a sensibilidade contínua do Saara Marroquino.
Esta cimeira, que reúne vários países da África Ocidental e Central, incluindo o Senegal, o Gabão, a Guiné-Bissau e a Libéria, insere-se numa nova abordagem americana à cooperação com o continente. As abordagens puramente assistenciais desapareceram; surge uma visão de parceria estratégica, baseada em interesses partilhados e na estabilidade desejada.
Neste contexto, a escolha da Mauritânia não é despicienda. Aos olhos de Washington, Nouakchott representa hoje um actor fiável e equilibrado, capaz de dialogar com todos e de manter uma linha de neutralidade construtiva, particularmente em relação ao conflito no Saara marroquino. Esta postura, descrita como "neutralidade positiva", confere à Mauritânia uma crescente legitimidade entre as potências internacionais.
Embora a Casa Branca não tenha incluído explicitamente a questão do Saara na agenda da cimeira, vários analistas concordam que poderá ser incluída indirectamente nas discussões, particularmente em intercâmbios bilaterais ou à margem de sessões oficiais. Para os Estados Unidos, a estabilidade do Norte de África — e, por extensão, do Magrebe e do Sahel — está ligada à resolução pragmática dos conflitos regionais, principalmente o conflito do Saara.
A administração Trump, recorde-se, reconheceu a soberania marroquina sobre o Saara em 2020, abrindo caminho para uma redefinição do equilíbrio de poder na região. Esta é uma posição que a diplomacia americana parece empenhada em manter a longo prazo, ao mesmo tempo que incentiva os Estados regionais, como a Mauritânia, a desempenhar um papel facilitador na adopção de uma solução realista, como a iniciativa de autonomia marroquina.
Numa altura em que o continente africano é objecto de renovado interesse geopolítico — marcado pela ascensão da China e da Rússia e pelo declínio da influência francesa — a Mauritânia surge para Washington como um parceiro estável, diplomaticamente ágil e estrategicamente bem posicionado. A sua recente presidência da União Africana, o seu compromisso com a segurança e o seu papel de ponte entre a África Subsariana e o Magrebe reforçam esta perceção.
Assim, para além do seu simbolismo, o encontro Trump-Ghazouani pode marcar um ponto de viragem nos equilíbrios regionais. Acima de tudo, sublinha o desejo americano de redefinir as suas alianças africanas, concentrando-se em Estados-chave capazes de actuar como mediadores nas questões mais controversas do continente.