Marrocos rumo ao estatuto de “potência central” regional até 2035
Marrocos poderá alcançar um importante marco estratégico na próxima década, consolidando-se como uma verdadeira “potência central” regional até 2035. Esta é a conclusão de um relatório recente do influente Instituto Choiseul, publicado em Outubro passado sob o título: “Marrocos 2035: Da descolagem económica à potência central?”
Este documento, que se tornou uma referência nos meios económicos e geopolíticos franceses, oferece uma análise aprofundada da evolução do Reino nos últimos vinte anos, com base em sólidos dados económicos, sociais e institucionais. O relatório analisa também as perspetivas de transformação do país e a sua capacidade futura para desempenhar um papel central nos cenários africano e internacional.
Segundo o Instituto Choiseul, Marrocos construiu com sucesso um modelo de desenvolvimento de alto desempenho, permitindo-lhe ocupar uma posição competitiva no seu ambiente regional. Entre as principais conquistas destacadas estão projetos emblemáticos como o complexo portuário de Tânger Med, investimentos maciços em energias renováveis e o crescimento da indústria automóvel e das tecnologias de baterias elétricas.
No entanto, a ascensão de Marrocos não está isenta de desafios. O relatório aponta para grandes obstáculos, como a escassez de água, as persistentes desigualdades sociais e territoriais e uma preocupante taxa de desemprego jovem. Estes desafios "estruturais" representam obstáculos à sustentabilidade do ritmo de crescimento observado nos últimos anos.
O Instituto sublinha ainda a necessidade de uma profunda reforma da administração pública. Esta transformação é considerada essencial para apoiar as mudanças económicas, melhorar a eficiência institucional e fomentar a ambição de um Marrocos moderno e atrativo.
Numa perspectiva geoestratégica, o relatório destaca a posição singular do Reino na encruzilhada da África Ocidental, do Magrebe e da região euromediterrânica. Apoiado por uma rede de parcerias diversificadas — incluindo a União Europeia, os Estados Unidos, a China e os Estados do Golfo — Marrocos dispõe de recursos essenciais para reforçar a sua influência regional e exercer um maior peso nas principais negociações internacionais.
No entanto, para concretizar esta visão ambiciosa, o Instituto Choiseul enfatiza um ponto central: a capacidade das elites, das instituições e de todos os actores económicos e sociais se adaptarem rapidamente às transformações globais. Isto é essencial para garantir a continuidade, a inclusão e a sustentabilidade do modelo marroquino.
Numa altura em que as alterações económicas globais estão a acelerar, Marrocos parece, mais do que nunca, estar numa trajetória ascendente. O desafio agora é transformar este ímpeto numa realidade geopolítica sólida até 2035.