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Ministro do Trabalho desperta indignação sobre amamentação
A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social de Portugal, Maria do Rosário Palma Ramalho, desencadeou uma torrente de indignação ao afirmar que algumas mães amamentam os seus filhos até mais tarde na vida apenas para terem horas de trabalho reduzidas.
Em entrevista ao Jornal de Notícias e à rádio TSF no domingo, a ministra discutiu a "profunda reforma" da legislação laboral proposta pelo governo – um documento que será debatido no parlamento. Referiu-se a uma das muitas propostas – o plano para limitar a amamentação aos dois primeiros anos de vida do bebé – e explicou que não compreende por que razão as crianças continuam a ser amamentadas após os dois anos de idade, durante o horário de trabalho das mães.
“Acho difícil conceber que, depois de dois anos, uma criança tenha que ser amamentada durante o horário de trabalho. Isso significa que talvez ela não coma mais nada, o que é estranho. Ela deveria tomar sopa, deveria comer outras coisas (...) O exercício adequado de um direito não deve ser confundido com o exercício abusivo desse mesmo direito”, disse a ministra, acrescentando: “infelizmente, temos conhecimento de muitas práticas em que, de fato, crianças parecem continuar sendo amamentadas para dar ao trabalhador uma jornada de trabalho reduzida – que é de duas horas diárias pagas pelo empregador – até que ele inicie o ensino fundamental.”
Foi esse último comentário que parece ter sido "demais" para muitos.
"Existem dados que comprovem isso?", questionaram os comentaristas. Mais importante ainda, devemos entender que o governo deve decidir por quanto tempo uma criança é amamentada?
É claro que grande parte da indignação é pura encenação: estamos na reta final de eleições municipais cruciais, nas quais a AD (coligação governamental) busca obter ganhos, e os socialistas do PS estão desesperados para se recuperar da relativa deserção dos eleitores nas eleições legislativas de maio.
A Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e no Parto acusou a ministra de “ignorar as recomendações internacionais sobre amamentação”.
Em declarações à Antena 1, Sara do Vale, da associação, afirmou que “este tipo de declarações demonstra uma falta de conhecimento aprofundado. Estamos incrédulos. Não há assistência, não há justiça social, não há dignidade humana (...) Estas alegações de que as mulheres não podem usufruir de um direito que é delas são negativas e demonstram que o objetivo é apenas proteger os empregadores e as empresas, e não investir nos trabalhadores, nas famílias e na natalidade”.
O líder do PS, José Luís Carneiro, também acusou a ministra de “desumanidade” e de fazer declarações sem fundamento: Maria do Rosário Palma Ramalho “deve explicar quantos casos destes existem no país e o que está a ser feito pela Inspecção da Segurança Social para investigar e avaliar em que medida estas alegadas situações atentam contra direitos fundamentais”, afirmou.
Para o Sr. Carneiro, é evidente que “a desumanidade que se tinha adoptado em relação à lei dos estrangeiros está também a ser adoptada em matéria laboral e na protecção das mulheres e dos jovens; e de uma forma que já não era recordada no nosso país…”
Então, por quanto tempo as mães DEVEM amamentar? Para ser justa, dois anos é um ótimo período para parar. A Organização Mundial da Saúde recomenda a amamentação durante os dois primeiros anos de vida "ou além". Qualquer período além de um ano é considerado amamentação prolongada.
Muitas mulheres que amamentam por mais de dois anos o fazem apenas à noite (o que não exige que elas se afastem do trabalho).
Em outras palavras, este é um assunto que não deveria realmente ser discutido. O problema é que ele "se tornou político", então as pessoas estão "indignadas" com o fato de que "o direito de amamentar" possa ser potencialmente retirado, durante o horário de trabalho, para mães de crianças maiores de dois anos.