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Parlamento peruano destitui a presidente Dina Boluarte após votação esmagadora
O Parlamento peruano votou na sexta-feira a destituição da Presidente Dina Boluarte, marcando um novo ponto de viragem na crise política que o país atravessa há vários anos. A chefe de Estado, de 63 anos, foi destituída do cargo depois de se ter recusado a comparecer perante os deputados, apesar de uma intimação oficial.
Após uma sessão apressada, o presidente do Parlamento, José Williams Zapata, anunciou: "O Congresso aprova o impeachment da presidente". José Williams assumirá agora a presidência interinamente até às eleições gerais marcadas para abril de 2026.
A votação foi definitiva: 118 dos 122 parlamentares apoiaram a moção, alegando a "permanente incapacidade moral" da presidente para exercer as suas funções. Cinco moções de impeachment tinham sido apresentadas no dia anterior pelas principais forças políticas do país, acusando Dina Boluarte de autoritarismo e ineficácia face ao aumento da criminalidade.
Em frente ao edifício do Parlamento, em Lima, centenas de manifestantes saudaram a decisão, agitando bandeiras peruanas e segurando cartazes a pedir "o fim da impunidade".
Desde que chegou ao poder, em dezembro de 2022, após o impeachment do ex-Presidente Pedro Castillo, Dina Boluarte enfrentou várias tentativas de deposição. Embora tenha resistido anteriormente graças ao apoio da direita e da extrema-direita, desta vez estes partidos mudaram de aliança, levando à sua queda.
Criticada pela sua gestão da violência social e pela sua incapacidade de estabilizar um país devastado por crises sucessivas, Boluarte abandona o poder num clima de forte desconfiança popular e de instabilidade política crónica.
O Peru, uma das democracias mais frágeis da América Latina, entra, assim, numa nova fase de incerteza, com a população a exigir reformas institucionais e eleições antecipadas para restaurar a confiança nas suas instituições.